As Verdadeiras Riquezas
Era um dia muito bonito. Fazia um sol
muito gostoso naquela manhã. O clima era fresco, ainda com o cheiro do orvalho
matinal. As pessoas estavam começando os seus trabalhos diários com
tranquilidade, e assim o dia ia indo em um crescente, como os raios da aurora
vão avançando sobre montes e campos: aos poucos.

A riqueza para ele sempre foi sinal
de bênção de Deus. Ter nascido em um berço de ouro era sinal de grande misericórdia
por parte de Deus. Em seu pensamento, os pobres eram uns coitados, abandonados
e esquecidos, por Deus e pelas pessoas.
Mas, agora, era um momento diferente.
Uma oportunidade única. Diante de si estava aquele grande e conhecido mestre e,
mesmo sem ter que abandonar seu trabalho, suas festas, ele teria a chance de
fazer a pergunta que mais lhe inquietava o coração. Sem se dar conta das
pessoas que estavam conversando com o mestre, aquele homem correu ao encontro
da sua resposta. Suas roupas coloridas, de tecidos caros esvoaçavam ao vento,
até que ele ficou cara a cara com o mestre. Esbaforido, ele olhou para o rosto
surrado pelo sol e pela areia daquele mestre e, ajoelhando-se diante dele,
finalmente fez a pergunta que lhe atormentava:
“Bom mestre, o que devo fazer para conseguir a vida eterna?”
O mestre olhou para aquele homem, viu
sua alegria e seu orgulho em finalmente fazer a pergunta, e também viu a
expectativa em ter a resposta tão esperada. Viu que aquele homem era um homem
honrado, cumpria seus deveres, pagava seus impostos, tinha muitos amigos, e que
desejava ter afirmado o seu caminho para o céu. Ele esperava que o mestre
dissesse exatamente aquilo que ele já fazia: “Não mate, não cometa adultério, não roube, não dê falso testemunho
contra ninguém, não tire nada dos outros, respeite o seu pai e sua mãe.” E
qual não foi a surpresa do homem quando o mestre disse justamente o que ele
esperava: “Não mate, não cometa
adultério, não roube, não dê falso testemunho contra ninguém, não tire nada dos
outros, respeite o seu pai e sua mãe.” Ele teve a certeza absoluta de que
era uma pessoa muito amada por Deus e que o seu destino era ir para o céu,
porque era uma pessoa bondosa com os pobres, “aqueles pobres coitados”.
Mas o mestre olhou para ele com muito
amor, e vendo tudo o que se passava no coração daquele homem, disse: “Para você ir para o céu, falta mais uma
coisa para você fazer: venda tudo o que você tem e dê aos pobres. Depois venha
comigo.”
O coração daquele homem tremeu.
Pareceu parar por um tempo. Congelou. Vender tudo o que havia conquistado com
tanto suor? Aquilo não parecia justo, não parecia certo. De tudo o que ele
prezava e gostava ele deveria se desfazer. Em seu coração surgiram pensamentos
como “acho que vou esperar quando estiver
mais velho”, “será que esse é o único jeito? E se eu der metade de tudo o que eu tenho não será suficiente? Afinal,
eu tenho muito dinheiro e terras!” Estava prestes a chorar ali, na frente
de todas aquelas pessoas que acompanhavam o mestre, mas se segurou. Não
choraria. Manteria o seu orgulho e os seus bens. “Quem disse que este homem é um grande mestre? Ele não sabe de nada!
Deve existir outros meios de eu chegar a Deus, afinal eu sou uma boa pessoa.”
Lentamente aquele homem levantou-se e
antes de virar as costas e voltar para sua casa olhou firmemente para os olhos
daquele homem que chamavam de mestre. Não percebeu naquele olhar nenhum indício
de ironia, nem de raiva, nem de orgulho, mas viu simplesmente compaixão. Aquele
mestre realmente estava falando sério! O único modo de estar com Deus seria
tornando-se como aqueles mendigos que o acompanhavam. Finalmente, virou as
costas e foi-se, caminhando lentamente.
Ainda conseguiu ouvir as vozes dos
alunos conversando entre si sobre o que tinham visto. “Que tolo eu fui,” pensou o homem, “me humilhando deste jeito. Ele é que devia se ajoelhar diante de mim”,
ponderou. Então ouviu o mestre falar, com uma voz pesarosa, doída, sentida.
Ouviu ele dizer que um rico dificilmente entraria no reino de Deus, porque os
ricos amam mais o dinheiro do que o próprio Deus. Era tão difícil quanto um
camelo passar ajoelhado por um buraco pequeno. O homem sabia o que isso
significava, os camelos somente conseguiam andar em pé, nunca ajoelhados e
ainda mais, passando por um buraco pequeno. “Então
é impossível a gente entrar no céu!” responderam várias vozes ao mesmo
tempo. Era a conclusão que o homem havia chegado junto com os alunos do mestre.
Era melhor esquecer aquilo e continuar cuidando dos negócios, das festas. Foi
quando ele ouviu, pela última vez, a voz do mestre.
“Para os seres humanos isso não é possível; mas para Deus é, pois para
Deus tudo é possível.”
Para Deus tudo é possível! Essas
palavras precisam entrar em nosso coração. Aos pés do mestre Jesus, temos a
bênção de ouvi-lo dizer: Para Deus tudo é possível! A salvação que nós nunca
conseguiríamos alcançar nem com todas as riquezas do mundo, com todos os dons e
com todo o tempo, agora são colocadas em nossas mãos. Enquanto no coração
daquele homem rico havia espaço somente para suas próprias riquezas, não havia
espaço para Deus, para o seu amor, para o seu reino.
Aquele homem que foi embora triste,
apegado a seus tesouros, ainda ouviu os discípulos se vangloriando, dizendo: “Veja! nós deixamos tudo e seguimos o
senhor!” Não precisamos deixar tudo para seguir Jesus, mas colocar tudo nas
mãos dele. Este “tudo” inclui nossa casa, nossa família, nossos bens e nossa
vida inteira. Estar nos braços do Senhor Jesus não é algo que você tenha de
fazer abandonando aqueles que lhe amam, nem aqueles que Ele mesmo colocou em sua
vida, mas justamente o contrário.
Será que aquele homem rico não se
lembrou das palavras de Eclesiastes?
“10 Quem ama o dinheiro nunca ficará
satisfeito; quem tem a ambição de ficar rico nunca terá tudo o que quer. Isso
também é ilusão. 11 Quanto mais rica é a pessoa, mais bocas tem para
alimentar... 12 O trabalhador pode ter pouco ou muito para comer, mas pelo
menos dorme bem à noite. Porém o rico se preocupa tanto com as coisas que
possui, que nem consegue dormir.
16...Nós vamos embora deste mundo do mesmo
jeito que viemos. Trabalhamos tanto, tentando pegar o vento, e o que é que
ganhamos com isso.
19 Se
Deus der a você riquezas... e deixar que as aproveite, fique contente... Isso é
um presente de Deus. 20 E você não sentirá o tempo passar, pois Deus encherá o
seu coração de alegria.
Como seria bom se aquele homem descobrisse o
quanto é grande o amor daquele mestre por ele. Um amor capaz de dar a própria
vida em resgate dele. Um amor que, resignado abre os braços e exclama: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que
fazem!” Um amor que estende os seus braços na cruz e assim concede ao mundo
a maior riqueza que pode existir, o perdão, a vida e a salvação! Como seria bom
se todas as pessoas, de todos os países, de todos os tempos, descobrissem que a
verdadeira riqueza é aquela que é dada na cruz! A verdadeira riqueza que Deus
concede a nós não são os bens, ou mesmo os carismas, mas o sangue e a vida do Salvador
e Mestre Jesus.
Se você tem muitas riquezas deste mundo, não
se deixe enganar. Se você não tem as riquezas deste mundo, não se deixe enganar
também. O verdadeiro tesouro está ao alcance de todos: o amor de Jesus.