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LUTERANA, a palavra vem de Lutero, Martinho Lutero, Martinus Lutheri. O doutor, o pregador, o reformador, jamais pretendeu vincular seu nome ao movimento que liderou. Aliás, se expressou contrário à idéia várias vezes. No Brasil, pouco depois do descobrimento, por volta de 1530, há notícias de defensores das idéias de Lutero chegados em São Vicente, SP. Séculos depois, encontramos luteranos na Bahia e na serra do Rio de Janeiro. Sempre ligados a imigrantes vindos da Europa, principalmente Alemanha e Países Baixos.

No início do reinado de D. Pedro I, foi constatada a necessidade de colonização na parte sul do Brasil, fronteira importante para a segurança nacional. Juntou-se a isso, a necessidade de emigrar da Alemanha, pequenos produtores rurais e micro empresários, por questões econômicas de sobrevivência, mas também da vontade de possuírem sua terra  o que era impossível aos que não pertenciam à nobreza européia. O tratado entre os dois governos incluia a assistência espiritual aos imigrantes por conta do governo alemão (prussiano), já que lá a religião oficial era a evangélica e aqui no Brasil, a católica. Acontecia a primeira iniciativa organizada para pastores missionários evangélicos atuarem no Brasil, formados e vindos da Alemanha mantidos e coordenados por aquele governo.

Na mesma época, luteranos e reformados calvinistas foram unidos por medida impositiva do então governo da Prússia, o maior e mais importante estado alemão. Muitas pessoas e grupos religiosos inconformados formaram novas igrejas com cunho e confessionalidade puramente luterana, na doutrina e praxes. Tais igrejas não possuíam as mesmas vantagens e prerrogativas da igreja evangélica oficial, o que trazia determinado desconforto e pequenas chances de crescimento. Em menos de duas décadas surgiram fortes lideranças, grupos se formaram, que decidiram deixar a Alemanha trocando-a pelo então Novo Mundo, a América. Tudo ficou para trás, muitas vezes: propriedades, familiares e amigos, mas havia a perspectiva de que pudessem, mesmo que arriscando toda uma vida, praticar a religião dentro de suas convicções e liberdade, a confessionalidade luterana. Foi assim que surgiu nos Estados Unidos a The Lutheran Church – Missouri Synod, oficialmente, no ano de 1847. Na sua organização e existência, ao final dos primeiros cinqüenta anos, Missouri se sentia responsável e atuava no sentido de que outras partes do mundo conhecessem as verdades cristãs-evangélicas, onde a Bíblia tão claramente era explanada através das Confissões Luteranas.

Isso aconteceu em países com nichos de populações de língua alemã que assim seriam atendidas inicialmente. A Índia foi o primeiro país, cinco anos antes da virada do século. A revista bimensal DER LUTHERANERcirculava nos Estados Unidos, outros países na Europa, Ásia e América Central e Sul. Pastores já formados, mesmo nas teologias evangélicas da Igreja Unida da Alemanha, procuravam na revista as doutrinas e teologias da genuína igreja luterana.

No Brasil

O pastor Brutschin, da região Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, escreveu carta ao Sínodo de Missouri relatando conhecer a doutrina luterana do Sínodo, através do periódico Der Lutheraner, e gostaria de entregar algumas congregações a um pastor de Missouri, pois estava para retornar à Alemanha. Mesmo que ainda formalmente ligado ao Sínodo Evangélico, pastor e congregação não arredaram pé na sua posição de serem luteranos e não só evangélicos, o que permanceu por quatro anos, até a transferência de pastor missouriano de cidade próxima. E este foi o início do século XX, e o início da Igreja Luterana no Brasil. Missouri enviou um pastor prospector (ou, perscrutador), Rev. Broders, para realizar sondagem visando o estabelecimento de possível trabalho missionário efetivo e sistemático, aos aglomerados populacionais de alemães, em especial aos desassistidos espiritualmente, no sul do Brasil.

Broders teve muitas decepções no início da pesquisa. Mas, felizmente, no sul do estado, na região de Pelotas, houve acolhimento aguardado – certamente por ambas as partes - resultando na fundação da primeira congregação evangélico-luterana. O grupo formado por 17 famílias, todas de origem teuto-russas e pomeranos, se organizaram oficialmente no dia 1º de julho de 1900, na Colônia de São Pedro, interior de Pelotas. O nome desta primeira congregação, traduzido do alemão, era “Comunidade Evangélica Luterana São João da Colônia São Pedro, 8o Distrito de Pelotas – RS."

Dados históricos

Igreja Evangélica Luterana do Brasil – IELB

*Local de fundação: São Pedro do Sul, RS

*Data: 24 de junho de 1904

*Constituíram oficialmente a igreja, 14 pastores, um professor e 10 congregações.

*O número de membros batizados era cerca de 4 mil. Seu primeiro presidente foi o pastor missionário Rev. Carl August Wilhelm Mahler e também pastor da primeira congregação luterana de Porto Alegre, a Comunidade Cristo.    


Paulo Udo Werner Kunstmann
Coordenador do Instituto Histórico da IELB

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