Esperar em Cristo
Esperar é algo que não nos deixa muito felizes. A espera pode ser angustiosa, solitária, pacienciosa ou não. Imagine um pai que espera no hospital pelo nascimento do seu primeiro filho; ou aquela mãe que aguarda sua filha chegar em casa de madrugada; ou mesmo aquela espera em pé, na fila do banco ou do mercado... Não gostamos de nenhuma delas, no entanto ficamos muito felizes quando a espera chega ao fim.
Nenhuma destas esperas que citei como exemplo podem ser comparadas com a maior espera de todas, a espera pela qual todos nós aguardamos, a espera pela qual aguardaram todos os profetas e apóstolos do senhor Jesus, a espera pela vinda do seu Reino.
Quando Adão e Eva se afastaram do Senhor Deus, no jardim do Éden, Deus prometeu um salvador, alguém que seria maior do que o pecado que eles cometeram, e que, apesar das dores e sofrimentos que nasceram do pecado, eles deveriam confiar e crer nesta promessa, aguardando o dia da sua realização. Foram longos anos de espera! Longos anos de oração, de pedido, de batalhas, de testemunho e também de desconfiança e desespero (de não mais esperar). Entre o anúncio e a realização desta promessa, Abrão esperou cem anos para ter seu primeiro filho, Esaú esperou o seu prato de lentinha, Rute e Ester esperaram confiando no Senhor, Jó chorou e sofreu com toda a desgraça que lhe atingiu, os profetas esperaram que Deus cumprisse as palavras que os havia mandado anunciar, até que chegou o período chamado de “intertestamentário”. Neste período, que vai desde as palavras do profeta Malaquias até a chegada de João Batista, nenhum outro grande profeta falou em Israel. Mais ou menos trezentos anos de espera, sem que Deus pronunciasse a sua vontade por meio dos seus profetas, trezentos anos em que Ele falou somente por meio das Escrituras.
No final deste período, o povo estava ansioso, sabia que algo estava para acontecer, sentiam que estava próxima a realização das palavras de Deus ditas em Genesis, sabiam que o salvador estava para chegar. Por isso perguntam a João Batista se era ele aquele que haveria de vir, ao que ele João responde: “Eu não sou digno de tirar as sandálias daquele que vem após mim.” Ele também esperava a realização da promessa de Deus.
Quando Jesus realiza a sua obra, ele também passa pela aflição da espera, no jardim do Getsêmani, onde ele pede para Deus livrá-lo do sofrimento que viria, mas sabe que o plano da salvação incluía aquele cálice. E os apóstolos, vendo o poder e as maravilhas feitas por seu mestre, acreditam fielmente que a realização da promessa divina se cumpria em Jesus: eles teriam o seu rei, o seu libertador.
Como pôde acontecer deles esperarem dois milênios e não entenderem as palavras profetizadas? Esperaram tanto pelo que Deus tinha anunciado que quando aconteceu eles não reconheceram que diante deles estava o próprio Deus. E como nós podemos acusá-los se somos culpados pelo mesmo motivo? Estamos perdidos em meio a tantas pregações e anúncios de destruição do mundo, de salvação por tantos caminhos, e até acreditamos que algumas superstições, encarnações, visões e tantos “ões” a mais que esquecemos de esperar com confiança na palavra do Senhor.

Enquanto esperamos, precisamos lembrar do que Deus nos ensina pro meio da sua Palavra e do seu Espírito. Porque quando ela terminar, seremos julgados pela fé nestas palavras, pela fé na obra do Senhor Jesus, fé esta que se mostra em nossa vida e nossa espera: Confiamos? Cremos? Agimos? Falamos como quem espera no Senhor?
A poucos dias, um suposto profeta havia anunciado o fim do mundo. E muitas pessoas ao redor do mundo acreditaram nele. Mas ele não foi o primeiro nem será o último. Vivemos em um período parecido com o “intertestamentário”, sabemos que algo está para acontecer, sentimos que algo muito grande se aproxima, mas não podemos dizer quem, quando, ou onde. “Não cabe a vocês saber a ocasião ou o dia que o Pai marcou com a sua própria autoridade.” (At 1.7) No entanto não precisamos temer pois a nossa espera está firmada nas palavras do Senhor Jesus, ele confirma o nosso coração, ele dá a certeza para a nossa fé, ele abre a nossa mente para entender suas promessas, assim como abriu a dos seus discípulos: “Enquanto ainda estava com vocês, eu disse que tinha de acontecer tudo o que estava escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos livros dos Profetas e nos Salmos. Então Jesus abriu a mente deles para que eles entendessem as Escrituras Sagradas” (Lc 24.45).
Os discípulos acreditavam que a espera havia chegado ao fim, mas Jesus lhes mostrou que o seu Reino não era como os reinos deste mundo. E depois esperavam que Jesus voltaria em alguns anos, talvez décadas. Viviam nesta iminência da volta de Jesus, mas nunca profetizaram quando seria o dia. Apenas viviam, guiados pelo Espírito Santo, com seus erros e acertos, com seus pecados e sua fé, crendo que espera ainda não tinha chegado ao fim. Eles sabiam que, em Jesus, tinham visto um pouco da glória do Pai, e que quando a espera finalmente terminasse, eles também teriam aquela glória.
Apesar da profecia do suposto profeta, o mundo não acabou. Como deve ser ruim esperar por algo que está errado! Como deve ser ruim esperar por algo que não temos certeza de que vai acontecer!

Nestas palavras, com esta mesma fé, pelo poder do Espírito Santo, esperemos.
EG.
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