Jesus havia sido morto e estava aparecendo aos discípulos algumas vezes, sempre trazendo uma mensagem de paz. Mas o que os discípulos faziam neste período? Permaneceriam com Jesus, anunciando o evangelho ou voltariam para suas vidas?
2 Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado “o
Gêmeo”; Natanael, que era de Caná da Galiléia; os filhos de Zebedeu e mais dois
discípulos. 3 Simão Pedro disse aos outros: — Eu vou pescar. —
Nós também vamos pescar com você! — disseram eles.
Eles
voltaram para suas antigas atividades! Voltaram a ser pescadores. Estes sete
discípulos viviam do lago da Galiléia/ Genesaré, dos seus peixes e da atividade
pesqueira. E quando Jesus demorou para retornar a aparecer, eles voltaram ao
seu trabalho normal. Não que isso fosse algo ruim, eles consideravam a atitude
correta, necessária. Eles haviam tido por três anos um trabalho espiritual, mas
agora estavam privados dele e precisaram voltar para o trabalho manual.
Por outro lado, eles
haviam passado três anos na companhia de Jesus sem depender do seu trabalho
para sobreviver. Por que voltaram? Por desânimo, por incerteza, por indecisão,
não sabemos! O fato é que voltaram para suas vidas. O amor que era eterno, por
Jesus, a coragem que faria com que eles não se separassem de Jesus, (já havia
sido mostrada na crucificação), o carinho pelo mestre foi incapaz de mantê-los
firmes na certeza de que o trabalho espiritual não havia terminado.
É como muitos
amores eternos de hoje em dia. As pessoas mal se conhecem e fazem juras de
amor, de paixão, e temos visto que alguns amores eternos duram menos que a bateria
do celular. Quando as dificuldades aparecem, o mais fácil é largar tudo e
voltar para a vidinha que se tinha antes. As pessoas não gostam de lutar para
estarem juntas, lutar para manter a comunhão. Com nosso próximo é assim, com
Deus também é.
3Então
foram todos e subiram no barco, mas naquela noite não pescaram nada. 4 De
manhã, quando começava a clarear, Jesus estava na praia. Porém eles não sabiam
que era ele. 5 Então Jesus perguntou: — Moços, vocês pescaram
alguma coisa? — Nada! — responderam eles.
Mas o trabalho braçal não foi
produtivo. Passaram a noite pescando e não pegaram nada. Até que a voz de um
desconhecido soou da margem: Têm comida? Eles não reconheceram Jesus, além de
não estarem o aguardando, não o reconheceram quando ele falou com eles. Aquela voz que anunciou a paz a poucos dias
para eles já não era mais facilmente reconhecida. Então era necessário Jesus se
dar a conhecer:
6 — Joguem a rede do lado direito do barco, que
vocês acharão peixe! — disse Jesus. Eles jogaram a rede e logo depois já não
conseguiam puxá-la para dentro do barco, por causa da grande quantidade de
peixes que havia nela. 7 Aí o discípulo que Jesus amava disse
a Pedro: — É o Senhor Jesus! Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor,
vestiu a capa, pois havia tirado a roupa, e se jogou na água.
Vejam que história estranha: não era
normal passar uma noite inteira sem pescar absolutamente nada, não era normal
sábios e experientes pescadores acatarem a sugestão de um desconhecido, não era
normal a grande quantidade de peixes. E não era normal o fato de Pedro tomara a
sua capa e pular na água! Pedro era muito intempestuoso! Quando se deu conta de
que era Jesus, tomou a sua capa e pulou na água para ir nadando ao seu
encontro.
Existe algo de simbólico aqui, com
certeza. A capa/manto era uma roupa comprida, usada por cima das outras roupas. Nas quatro pontas da capa
os israelitas costuravam pingentes a fim de lembrar que deviam ser fiéis a Deus.
Pedro poderia muito bem ter esperado o barco chegar na praia, poderia ter
pulado sem a sua capa, poderia ter tomado tantas atitudes. Mas o que ele fez
demonstrou que ainda em seu coração estava a fé em Jesus, a confiança em sua
Palavra. Apenas precisava ser reforçada! Ele não queria encontrar Jesus apenas
com suas roupas de baixo, suas roupas sujas do trabalho, tinha de estar com sua
capa, molhada ou não.
Os cristãos precisam estar com
Jesus! E eles todos são como Pedro, se esquecem, se dedicam a outras coisas,
vivem suas vidas com suas roupas sujas à mostra, com seus pecados expostos. Mas
quando lembram-se de Jesus, do seu amor da sua paixão por eles, eles têm toda a
certeza de que a roupa que Cristo coloca em nós é uma roupa muito melhor, que
esconde nossos pecados. Lembram-se da alegria que é estar na presença do Senhor
, lembram da alegria de ouvir o Senhor. Lembram que eles não podem ir ao
encontro do Senhor sozinhos, mas é o Senhor quem se apresenta, que chama, que
mostra o seu poder e os convida para alimentarem-se.
Quem é que consegue viver sem comer?
Certamente ninguém. Deus sabe disto e providencia um alimento eterno. Diz o
texto que:
9 Quando saíram do barco, viram ali uma pequena
fogueira, com alguns peixes em cima das brasas. E também havia pão. 10 Então
Jesus disse: — Tragam alguns desses peixes que vocês acabaram de pescar. 11
Aí Simão Pedro subiu no barco e arrastou a rede para a terra. Ela
estava cheia, com cento e cinqüenta e três peixes grandes, e mesmo assim não se
rebentou. 12 Jesus disse: — Venham comer! Nenhum deles tinha
coragem de perguntar quem ele era, pois sabiam que era o Senhor. 13 Então
Jesus veio, pegou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com os peixes.
Venham comer!
Não precisamos dos peixes do trabalho de vocês, mas sim, peguem deles também! E
os discípulos que, antes estavam inseguros quanto ao que iriam comer, pois
trabalharam a noite toda sem pegar nada, agora podem se fartar. Em Cristo recebemos o alimento perfeito,
muito melhor que os peixes que os discípulos comeram naquela praia: recebemos o
corpo e sangue de Jesus. Este alimento é para o corpo e para a alma, fortalece
a fé na vitória que Jesus concede, não que conquistamos ou compramos. Vitória que
ele concede.
Queridos irmãos,
esta é a terceira aparição de Jesus aos discípulos relatada no evangelho de
João. Os discípulos tocaram a sua vida em frente, seguiram adiante como se
aquilo que viram e aprenderam fosse passageiro. Até mesmo Judas escolher seguir
a sua vida em frente. Nós também tocamos nossa vida em frente dia após dia.
Quando um
relacionamento termina, tocamos nossa vida em frente, quando um trabalho se
encerra, seguimos em frente, quando perdemos alguém, vamos tocando o barco. Mas
quando se refere a Jesus, a história é diferente, podemos até tocar em frente,
como se ele não existisse. E é o que muitos fazem! E sofrem por isso. Mas Jesus
vem ao nosso encontro, nos anima, fortalece, surpreende, alimenta! Ele toca a
sua vida em frente também, nem que isso o leve à morte. Mas o tocar em frente
de Jesus é diferente do nosso.
Seguir em
frente para Jesus significa lutar por nós, nos amar ainda mais, estar ainda
mais conosco. Com Jesus jamais estaremos sozinhos. Ele sempre estará nos
chamando! Sempre estará conosco!
Creia nisto
e segue a tua vida, vai em frente, toca o barco! Amém.
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