terça-feira, 12 de março de 2013

Lc 13. 31-35 – O que é preciso?



O que uma cidade precisa ter? O que é que realmente uma cidade tem? Estas perguntas parecem iguais, mas na verdade t6em uma diferença fundamental.
                Em uma grande parte do evangelho de Lucas, acompanhamos um das viagens de jesus a Jerusalém, quando Jesus decidiu que havia chegado a hora de se cumprirem as escrituras. Isto percebemos no versículo 22: Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando na sua viagem para Jerusalém.” E durante esta viagem,  passando por diversas regiões, entrou na região governada por Herodes, chamado de Tetrarca.

31 Naquele momento alguns fariseus chegaram perto de Jesus e disseram: — Vá embora daqui, porque Herodes quer matá-lo.
            Porque Herodes queria matar Jesus? Ele estava somente de passagem! O que ele havia feito para ser alvo da ira do governante? Na verdade, nada além de anunciar a Palavra de Deus, realizar curas e ensinar o povo. Então porque a atitude assassina de Herodes?
            Este Herodes era o mesmo que havia assassinado João Batista a pouco tempo. E muitos discípulos de João passaram a seguir a Jesus. A autoridade que o povo atribuía a João passou a ser direcionada a Jesus. Herodes era conhecido por sua violência e quando viu crescer a pessoa e Palavra de Jesus entre o povo, teve medo. Ele não queria um concorrente para disputar o governo, para dominar as pessoas. Por isso talvez, desejasse matar a Jesus como matou João Batista.
            Provavelmente ele enviou os fariseus que falaram com Jesus. Assim como Herodes, estes fariseus tinham o seu “naco” de poder, de influência sobre o povo, e eles também não queriam perder isto. Os líderes judeus e o líder romano, aparentes inimigos trabalhando juntos para defender seus interesses pessoais. Pareceu comum? Atual?

32 Jesus respondeu: — Vão e digam para aquela raposa que eu mandei dizer o seguinte: “Hoje e amanhã eu estou expulsando demônios e curando pessoas e no terceiro dia terminarei o meu trabalho.”
A raposa é conhecida como um animal astuto, de pensamento rápido e ardiloso. Mas também era conhecido como um animal sem importância, ignorado. Ao chamar Herodes de raposa, Jesus estava ciente das maquinações de Herodes, e como podemos perceber, apesar de todas estas maquinações e planos, a obra de Deus precisava e seria realizada. O destino do filho de Deus haveria de terminar na cruz, em Jerusalém, não antes nem depois. Sua caminhada estava traçada e não seria Herodes quem iria interromper.
Jesus estava realizando tudo o que era necessário fazer, revelando seu poder, seu amor, e demonstrando saber exatamente quanto tempo sua obra duraria. Quando ele afirma que no terceiro dia terminaria o seu trabalho estava testemunhando que a duração desta caminhada terminaria em breve, que o tempo era curto. A sequencia do texto nos confirma esta intenção:
33 E Jesus continuou: — Mas eu preciso seguir o meu caminho hoje, amanhã e depois de amanhã; pois um profeta não deve ser morto fora de Jerusalém.
Isso dá a ideia de um ciclo completo, algo que está programado para acabar. Portanto, ele não desistiria de seguir em frente por causa de ameaças. Sua obra era maior, seu amor, mais importante.
E a partir deste momento, Jesus passa a fazer um lamento, um desabafo sobre a cidade de Jerusalém. Com tristeza em suas palavras, Jesus aponta para a cidade que é a capital do povo escolhido pelo próprio Deus e afirma que esta cidade, o seu povo, haviam rejeitado o amor de Deus, havia rejeitado o ministério de Jesus e agora haveria de ser abandonada.
É como se Jesus estivesse dizendo: Não serei expulso da Galiléia pela força de ameaças. Mas continuarei trabalhando até chegar a hora! Fiquem tranquilos, líderes e príncipes! Não vou demorar para eu ter de enfrentar a sorte que cabe aos profetas, e não vai ser aqui. Enfrentarei meu destino no lugar apropriado.
34 — Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas e apedreja os mensageiros que Deus lhe manda! Quantas vezes eu quis abraçar todo o seu povo, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram! 35 Agora a casa de vocês ficará completamente abandonada. Eu afirmo que vocês não me verão mais, até chegar o tempo em que dirão: “Deus abençoe aquele que vem em nome do Senhor!”

Este lamento transparece uma imensa tristeza, de um pai que é rejeitado pelos seus filhos, apesar de tudo o que faz por eles. Demonstra que o amor de Deus foi extendido inúmeras vezes sobre Jerusalém, mas em todas, foi rejeitado. A imagem da galinha que protege os filhotes do perigo nos lembra que Deus sempre esteve pronto a sacrificar-se pelos seus filhos, mas eles não quiseram este amor.
            O que uma cidade precisa ter? Antigamente se dizia que uma cidade tinha que ter um bar, uma igreja e um salão de festas. Hoje podemos dizer que uma cidade precisaria ter muitas outras coisas.
            Mas o que as cidades de hoje realmente têm é dor, violência, é maldade, é poluição, drogas, brigas, e tantas outras coisas que não são nada agradáveis. É assim que nós também estamos dentro de nossas cidades, dentro de nossos próprios lares. Pois a verdade é que, em nosso pecado, também rejeitamos o amor de Deus, rejeitamos Jesus.
Deus não se desvia do seu caminho para resgatar a humanidade perdida e condenada, mesmo quando ela se afasta dele. Não desiste, mas segue até completar a obra. Tristeza e dor estão presentes no caminho, até desânimo. Mas ele continua chamando: Eu quero abraçar vocês meus filhos! Eu quero proteger vocês, meus amados. Eu estou a ponto de me sacrificar por vocês, meus pequenos.”
O que será que Jesus diria se hoje estivesse diante da nossa cidade: Amados, como é bom estarmos todos reunidos, entrem e façam parte desta grande festa que preparei para vocês!
Ou: Coronel, Coronel, quantas vezes tentei reunir vocês comigo! Quantas vezes chamei vocês para serem meus discípulos, e vocês me rejeitaram!
Não sei a resposta. Sei que Deus nos envia para anunciar o seu amor. falar da sua vitória, anunciar o seu perdão. E muitas vezes não temos ido. Temos medo. Como se esta obra dependesse de nós.
Neste período de quaresma, de reconhecer os erros, de pedir perdão a Deus pelas vezes em que falhamos como seus filhos, vale a pena lembrarmos que somente o mor de Deus pode nos resgatar, o amor revelado em toda a obra de Cristo, que lutou contra ameaças, contra maus líderes, tomou o pecado de todo o mundo sobre si e seguiu até o fim por amor.
As cidades precisam de mais Jesus! Que Deus nos guie nesta obra. Amém.




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