O que uma cidade precisa ter? O
que é que realmente uma cidade tem? Estas perguntas parecem iguais, mas na
verdade t6em uma diferença fundamental.
Em uma
grande parte do evangelho de Lucas, acompanhamos um das viagens de jesus a
Jerusalém, quando Jesus decidiu que havia chegado a hora de se cumprirem as
escrituras. Isto percebemos no versículo 22: Jesus atravessava cidades e
povoados, ensinando na sua viagem para Jerusalém.” E durante esta
viagem, passando por diversas regiões,
entrou na região governada por Herodes, chamado de Tetrarca.
31 Naquele
momento alguns fariseus chegaram perto de Jesus e disseram: — Vá embora daqui,
porque Herodes quer matá-lo.
Porque Herodes queria matar Jesus?
Ele estava somente de passagem! O que ele havia feito para ser alvo da ira do
governante? Na verdade, nada além de anunciar a Palavra de Deus, realizar curas
e ensinar o povo. Então porque a atitude assassina de Herodes?
Este Herodes era o mesmo que havia
assassinado João Batista a pouco tempo. E muitos discípulos de João passaram a
seguir a Jesus. A autoridade que o povo atribuía a João passou a ser
direcionada a Jesus. Herodes era conhecido por sua violência e quando viu
crescer a pessoa e Palavra de Jesus entre o povo, teve medo. Ele não queria um
concorrente para disputar o governo, para dominar as pessoas. Por isso talvez,
desejasse matar a Jesus como matou João Batista.
Provavelmente ele enviou os fariseus
que falaram com Jesus. Assim como Herodes, estes fariseus tinham o seu “naco”
de poder, de influência sobre o povo, e eles também não queriam perder isto. Os
líderes judeus e o líder romano, aparentes inimigos trabalhando juntos para
defender seus interesses pessoais. Pareceu comum? Atual?
32 Jesus
respondeu: — Vão e digam para aquela raposa que eu mandei dizer o seguinte:
“Hoje e amanhã eu estou expulsando demônios e curando pessoas e no terceiro dia
terminarei o meu trabalho.”
A raposa é conhecida como um animal astuto, de pensamento rápido e
ardiloso. Mas
também era conhecido como um animal sem importância, ignorado. Ao chamar
Herodes de raposa, Jesus estava ciente das maquinações de Herodes, e como
podemos perceber, apesar de todas estas maquinações e planos, a obra de Deus
precisava e seria realizada. O destino do filho de Deus haveria de terminar na
cruz, em Jerusalém, não antes nem depois. Sua caminhada estava traçada e não
seria Herodes quem iria interromper.
Jesus
estava realizando tudo o que era necessário fazer, revelando seu poder, seu
amor, e demonstrando saber exatamente quanto tempo sua obra duraria. Quando ele
afirma que no terceiro dia terminaria o seu trabalho estava testemunhando que a
duração desta caminhada terminaria em breve, que o tempo era curto. A sequencia
do texto nos confirma esta intenção:
33 E Jesus
continuou: — Mas eu preciso seguir o meu caminho hoje, amanhã e depois de
amanhã; pois um profeta não deve ser morto fora de Jerusalém.
Isso dá a
ideia de um ciclo completo, algo que está programado para acabar. Portanto, ele
não desistiria de seguir em frente por causa de ameaças. Sua obra era maior,
seu amor, mais importante.
E a
partir deste momento, Jesus passa a fazer um lamento, um desabafo sobre a cidade
de Jerusalém. Com tristeza em suas palavras, Jesus aponta para a cidade que é a
capital do povo escolhido pelo próprio Deus e afirma que esta cidade, o seu
povo, haviam rejeitado o amor de Deus, havia rejeitado o ministério de Jesus e
agora haveria de ser abandonada.
É como se
Jesus estivesse dizendo: Não serei expulso da Galiléia pela força de ameaças.
Mas continuarei trabalhando até chegar a hora! Fiquem tranquilos, líderes e
príncipes! Não vou demorar para eu ter de enfrentar a sorte que cabe aos profetas,
e não vai ser aqui. Enfrentarei meu destino no lugar apropriado.
34 — Jerusalém,
Jerusalém, que mata os profetas e apedreja os mensageiros que Deus lhe manda!
Quantas vezes eu quis abraçar todo o seu povo, assim como a galinha ajunta os
seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram! 35 Agora a casa de vocês ficará completamente abandonada. Eu afirmo que
vocês não me verão mais, até chegar o tempo em que dirão: “Deus abençoe aquele
que vem em nome do Senhor!”
Este lamento transparece uma
imensa tristeza, de um pai que é rejeitado pelos seus filhos, apesar de tudo o
que faz por eles. Demonstra que o amor de Deus foi extendido inúmeras vezes
sobre Jerusalém, mas em todas, foi rejeitado. A imagem da galinha que protege
os filhotes do perigo nos lembra que Deus sempre esteve pronto a sacrificar-se
pelos seus filhos, mas eles não quiseram este amor.
O que uma cidade
precisa ter? Antigamente se dizia que uma cidade tinha que ter um bar, uma
igreja e um salão de festas. Hoje podemos dizer que uma cidade precisaria ter muitas outras coisas.
Mas o que as cidades de hoje
realmente têm é dor, violência, é maldade, é poluição, drogas, brigas, e tantas
outras coisas que não são nada agradáveis. É assim que nós também estamos
dentro de nossas cidades, dentro de nossos próprios lares. Pois a verdade é
que, em nosso pecado, também rejeitamos o amor de Deus, rejeitamos Jesus.
Deus não
se desvia do seu caminho para resgatar a humanidade perdida e condenada, mesmo
quando ela se afasta dele. Não desiste, mas segue até completar a obra.
Tristeza e dor estão presentes no caminho, até desânimo. Mas ele continua
chamando: Eu quero abraçar vocês meus filhos! Eu quero proteger vocês, meus
amados. Eu estou a ponto de me sacrificar por vocês, meus pequenos.”
O que
será que Jesus diria se hoje estivesse diante da nossa cidade: Amados, como é
bom estarmos todos reunidos, entrem e façam parte desta grande festa que
preparei para vocês!
Ou:
Coronel, Coronel, quantas vezes tentei reunir vocês comigo! Quantas vezes
chamei vocês para serem meus discípulos, e vocês me rejeitaram!
Não sei a
resposta. Sei que Deus nos envia para anunciar o seu amor. falar da sua
vitória, anunciar o seu perdão. E muitas vezes não temos ido. Temos medo. Como
se esta obra dependesse de nós.
Neste
período de quaresma, de reconhecer os erros, de pedir perdão a Deus pelas vezes
em que falhamos como seus filhos, vale a pena lembrarmos que somente o mor de
Deus pode nos resgatar, o amor revelado em toda a obra de Cristo, que lutou
contra ameaças, contra maus líderes, tomou o pecado de todo o mundo sobre si e
seguiu até o fim por amor.
As
cidades precisam de mais Jesus! Que Deus nos guie nesta obra. Amém.
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